sábado, 19 de janeiro de 2019

A virtude estará entre o começar e o alcançar

Como se percorre o caminho entre o Começar e o (não) Alcançar?

No seguimento do post anterior surge mais um acrescento, mais uma questão que importa colocar sempre, porque mesmo quando achamos que uma ideia está acabada, percebemos que há sempre algo que podemos acrescentar ou adaptar, como Vítor Frade diz sobre a Periodização Táctica: “Está pronta, mas não está acabada!”. Assim são as coisas complexas não lineares, vão-se moldando e melhorando sem nunca perderem a sua essência.

Será o sucesso por si só garantia de dignidade?

Ganhar (ou o processo na tentativa de) visto como um combustível que nos faz querer melhorar a cada dia é uma mais valia para crescer. Sem dúvida nenhuma que o querer triunfar nos coloca na busca constante de soluções para o fazer.
Mas “o Vencer” visto como algo que justifica todos e quaisquer meios ou soluções, mesmo que pouco meritórias, usadas para se alcançar sucesso esse que se pretende a qualquer custo, isso já me preocupa.


"No MEIO estará a virtude". Não no centro por ser o que chama a atenção e por isso nos orienta e também não é o “meio” por ser o que está entre as duas frases anteriores, naquele sentido mais vulgar de encontrar um equilíbrio entre ambas, o que se pretende é que a virtude esteja naquilo que nos “transporta daqui para acolá”. Temos que ganhar consciência da importância vital daquilo que fazemos entre o "princípio" e o "fim", entre o iniciar e o alcançar, ou seja valorizar o processo de “tentar” e aquilo que fazemos durante, só assim poderemos manter a "nossa sociedade" (aquela que vive no nosso dia-a-dia), ligada aos grandes valores.

O "meio", a viagem, a forma como fazemos o nosso caminho e o que vamos semeando nele, não nos pode ser indiferente. Não temos que ser conscientes e nem sequer o fazer propositadamente, mas é inevitável que alguém se vá cruzar com o caminho que fizemos e aí irá respirar do ar puro das árvores que entretanto foram crescendo por nosso cuidado ou então comer da fruta intoxicada que produzimos nos maus caminhos.

Valorizemos e cultivemos mais o trajecto do que o destino. Desfrutemos da viagem percebendo a sua essência.
E que o nosso ímpeto não seja só o de orientarmos pela vitória (por ser mais atractiva que ela seja no festejo), mas sim olhar para a forma como se constroem as coisas e seguir os bons valores, que o vencedor ou os que não ganharam porventura têm.
Não se trata de vitórias morais. Trata-se de entender o sucesso para lá da vitória, olhando para a intenção e a acção implicadas na sua concretização.


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