sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Simbiose: "IDEIA do TREINADOR - QUALIDADES dos JOGADORES" Parte I


Há a qualidade do jogador e há as qualidades do jogador.

Há princípios, que orientam a equipa, e há características dos jogadores.

A adaptação (que é um processo complexo) da ideia do treinador aos jogadores, e vice-versa, pretende-se que seja uma simbiose… todos saem a ganhar.

Este processo em que o treinador procura convencer os jogadores necessita de uma certa abertura, de um deixar-se guiar por parte dos jogadores, para mais tarde se gerar uma crença que dá mais tempo e serenidade para que a equipa possa crescer com o crescimento da ideia que se concretiza na forma como se joga.

Isto é, sem dúvida, o que mais interfere na forma como a equipa joga. Por um lado a capacidade do treinador convencer os seus jogadores a ligarem-se aos seus princípios por outro as características que os jogadores têm, que são sempre muito importantes porque é no fundo o que dá imprevisibilidade e criatividade à forma de jogar. Poderíamos falar em centenas de exemplos de treinadores que não abdicam do que sentem (este SENTIR vem das entranhas) que é fundamental, mas vamos focar-nos no Pep Guardiola (tão pouco foi um acaso), recorrendo a entrevistas que foi dando ao longo dos anos, desde que assumiu o cargo de treinador do F.C.Barcelona.

Esta será a Parte I de III, onde a reflexão estará direccionada para o tema: a simbiose entre a ideia de treinador (princípios inegociáveis) e aquilo que são as características dos jogadores que irão determina a dimensão mais micro (que é o "estilo" de cada jogador) da forma de jogar, sem interferir naquilo que é o "padrão macro" do jogo que o treinador sente como sendo o melhor caminho para ganhar (que no fundo é a forma como o treinador vive, vê e entende o jogo).


Quando o grande desafio é implementar uma ideia para com ela se ganhar. Nunca pode ser de qualquer maneira ou ganhar por ganhar. Tem sempre que haver algo que nos guia. Os valores que queremos construir e ver dentro das quatro linhas são o desafio, valores que vão além dos princípios de jogo, pois também se manifestam no carácter humano.

Percebe-se também que há uma infinidade de coisas que vão exigir da ideia determinadas soluções, para que a forma de jogar se manifeste fluída e para que possamos controlar o jogo em função daquilo que, não dependendo de nós, irá criar possíveis problemas. Uma dessas influências externas pode ser a permissividade dos árbitros. Esse "critério" irá interferir na forma como o jogo se desenrola e portanto a nossa equipa terá que ser preparada para lidar com isso e ainda assim impôr aquilo que nos caracteriza como equipa (os tais macro princípios que "viajam" com o treinador).


Cada país, cada campeonato têm o seu padrão de problemas e claro que isso deve ser tido em conta nas soluções/dinâmicas a criar para resolver esses mesmos problemas. Não me refiro ao que é específico de cada adversário, refiro-me antes àquilo que se manifesta com regularidade nos adversários que compõem a competição.
Isto exige que o nosso jogar esteja preparado, para que, mais uma vez, sem nos mudarmos, nos possamos adaptar, de forma a encontrar os melhores caminhos que levam o jogo para o registo que melhor se enquadra com aquilo que somos enquanto equipa.


Perceber que o "estilo" e "ganhar quase sempre" podem caminhar juntos ou não. O que aproxima o estilo do triunfo uma grande quantidade de vezes (e que conduz a títulos conquistados) é a qualidade dos jogadores. Porque quanto maior for a qualidade dos jogadores e a harmonia deles com a ideia de jogo do treinador, maior será a eficácia daquilo que são os detalhes e por isso maior será a possibilidade de ganhar títulos. Mas para se jogar de determinada forma não é necessário ter os melhores. Um estilo manifesta-se melhor ou se preferirem manifesta-se de forma mais harmoniosa e em menos tempo, com jogadores de determinadas características, isso sem dúvida, mas não necessariamente têm que ser os melhores para que determinado estilo surja numa equipa.

Se ganhar for exclusivamente o que nos guia, sem que haja uma forma, uma identidade que sustenta a procura da vitória, acabaremos por nos perder no caminho. A ideia tem que prevalecer e essencialmente tem que existir, porque quando perdermos (toca a todos) haverá sempre algo mais importante para nos manter no caminho certo.

Continua...

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