segunda-feira, 22 de abril de 2019

Superar as dificuldades percebendo o que depende de nós


Facilmente o nosso inconsciente nos empurra para um "abismo das desculpas", é de certa forma uma reacção alérgica que se cria para nos proteger, mas no funda só acaba por nos prejudicar e impedir que se identifiquem e resolvam os verdadeiros problemas, só assim poderemos melhorar. Aquilo que parece atenuar a frustração da "perda", ou seja o atribuir a culpa a terceiros ou às vantagens prévias do adversário, e que muitas vezes é dito em voz alta como quem reclama por mais tempo no cargo ou no 11 titular (pois a culpa não é minha), por mais razão que tenhamos na atribuição dessa culpa a algo que está “fora” da nossa equipa ou do nosso desempenho no jogo, isto nunca deve tornar-se recorrente por uma razão simples: nada disto vai mudar só pelo facto de o assinalarmos e só nos faz perder o foco. Porque o vento não muda por falarmos disso, o calor é para todos, o árbitro não está no treino para o ensinarmos a apitar como achamos melhor e o facto da outra equipa ter mais tempo para recuperar não vai mudar por dizermos: “Pois é, estamos em desvantagem porque eles têm mais tempo para recuperar”.

Iremos sempre compreender a reacção durante o jogo de jogadores e treinadores (que passa em 5 segundos), mas chegar ao fim de cada jogo que nos corre mal e procurar algo externo que nos liberta da nossa responsabilidade... isto, na continuidade, só te torna pior, deixa-te sem rumo, sem direcção a seguir, porque a falta de noção da nossa responsabilidade impede-nos de melhorar aquilo que efectivamente depende de nós.

"Ok! O árbitro poderia ter feito melhor, mas há mais no jogo para além desses erros.” “A chuva estragou o campo, mas a verdade é que eles conseguiram resolver esse problema melhor do que nós." Estes devem ser os pensamentos reinantes, buscar as soluções que estão ao nosso alcance e não perder demasiado tempo a pensar: “estou a ser prejudicado”.

A responsabilidade não pode ser do vento, nem da chuva, nem da relva e ainda que o árbitro tenha errado não valerá muito a pena atribuir-lhe a culpa, isso não nos vai fazer melhorar com certeza. "O que depende de mim então?! O que tenho que fazer... o que temos que fazer melhor?" Estas são as questões que se devem colocar e trabalhar a partir daí para que as respostas e as soluções que encontramos (dentro de nós) surjam o mais rápido possível nos jogos para superarmos todas as dificuldades que aparecem. Como se fosse um sistema espontâneo de transcendência, que nos leva a melhorar a cada obstáculo.

Porque dentro de nós há sempre uma solução, para tudo aquilo que nós podemos controlar, para tudo aquilo em que, de forma determinante, podemos interferir. Mesmo quando a bola espirra no tufo da relva... há solução e ela está em mim e na minha equipa! É disto que temos que nos convencer e convencer os miúdos que agora estão a crescer, não se trata de uma verdade balofa existe mesmo solução para estes problemas... isto é um jogo não é uma doença. Agora, quando algo está fora do nosso controlo, então o melhor é voltarmo-nos novamente para o essencial - fazer o melhor que podemos com o que depende de nós - caso contrário a frustração sobe-nos à cabeça e deixamos de jogar/aprender. Por mais que nos custe, a mentalidade certa é perceber o mais rápido possível qual é a minha responsabilidade no que se está a passar. "O que é que, em função dos problemas circunstanciais que estão à nossa frente, podemos fazer?" É fácil? Não não é fácil, fácil é falar, se fosse fácil qualquer um chegava onde tem potencial para chegar e a verdade é que vemos muita gente que se fica pela metade do que poderia. Claramente não é fácil mudar a "mentalidade das desculpas", mas se não tentarmos nunca iremos ter jogadores/equipas que enfrentam o problema desde o assumir da responsabilidade.

Toni Nadal, tio e ex-treinador de Rafael Nadal, afixou nos corredores e balneários da academia do sobrinho a seguinte frase: "Nunca uma desculpa nos fez ganhar uma partida."

É nos momentos em que a solução do problema nos parece mais fácil, ou seja nos momentos em que todo o nosso inconsciente nos empurra para o "abismo da desculpa fácil", que o nosso consciente tem que assumir o comando e dizer, tal como o Maurizio Sarri: "Só quero pensar no nosso desempenho." e acrescentar "Não é só o árbitro ou o treinador ou o jogador ou o vento ou o relvado ou a bola, eu/nós também tenho/temos responsabilidade no que de mal está a acontecer" e a partir daqui é treinar/viver e corrigir o que podemos controlar.


a) Conferência de imprensa (pós-jogo vs Everton) de Sarri ao serviço do Chelsea FC - Premier League 2018/2019
b) Conferência de imprensa (pós-jogo vs Brighton) de Guardiola ao serviço do Manchester City FC – Meia-Final da FA CUP 2018/2019

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