segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Manchester City vs Wolves (análise baseada no jogo da 1ª Volta)

O 5-4-1 do Wolves treinado por Nuno Espírito Santo criou imensos problemas ao City de Guardiola, na 1ªa volta (já lá vão 20 semanas), hoje temos o 2º round e será curioso perceber como irá o City solucionar o "quebra-cabeças" que é o “Muro Zonal” do Wolves. Provavelmente com jogadores diferentes e por isso nuances diferentes por parte da equipa de Manchester, mas acredito que o primeiro “espaço-chave” para invadir a estrutura adversária seja por fora, nas costas dos extremos. Desmontar este Wolves será um problema cuja solução não é nada fácil.


Tendência posicional dos jogadores do City no primeiro jogo. A dinâmica da estrutura é dada pela necessidade de ter profundidade e largura e também jogadores com maior liberdade posicional (caso do Sterling); portanto, se alguém fizer "diferente" (ou seja se houver perda de alguma dessas amplitudes) haverá necessariamente um ajustamento - cada jogador fosse uma célula de um só ser vivo - que garanta que o adversário permaneça em duvida pela criação/manutenção das várias trajectórias possíveis a dar à bola e ao mesmo tempo garante a nossa capacidade de criar perigo pela progressão para espaços cada vez mais "perigosos".



Quanto ao Wolves, pela forma como defende, o Princípio Fundamental passa por limitar a decisão de quem tem a bola. Impedir a bola de entrar em determinados espaços (neste caso entrelinhas-interior), não estando lá, mas por cortando o caminho, a ligação. Defender o espaço (entrelinhas) não implica necessariamente preenchê-lo com jogadores ou acompanhar movimentações (sem bola) dos adversários nessas ou para essas zonas. O que fizeram (e bem!) foi cortar as ligações de possíveis passes entrelinhas.

Para além disto, o que lhes permite serem agressivos (para não serem ultrapassados e manter a linha defensiva confortável) a toda a largura é a forma como se dividem entre proteger o espaço central e a pressão (posterior) ao espaço exterior, onde a bola acaba por entrar (pelo condicionamento anterior). Isto requer uma precisão posicional e um timing a roçar a perfeição. Um passo em falso ou uma fracção de segundo em que os apoios estão mal orientados e és apanhado em contra pé; ou então má coordenação sectorial, quando saem dois na bola libertando ambos o espaço crucial (entrelinhas), isto pode ser fatal e mesmo que não seja retira-te a possibilidade de roubar a bola o mais à frente possível, porque a primeira linha foi ultrapassada.

Defender assim permite-”me”, em função deste condicionamento feito colectiva e individualmente, antecipar o que pode acontecer (porque já limitamos o adversário). Ora, isto coloca-”me” em melhores condições de criar problemas não só ao portador como ao futuro portador da bola e assim sucessivamente até a roubar.


A linha média do Wolves teve um papel fundamental (H.Costa - J.Moutinho - R.Neves - D.Jota). Toda a equipa esteve bastante bem, mas a importância destes 4 foi enorme, porque é sempre mais fácil partir daí para o contra-ataque do que quando se ganha a bola através da nossa linha defensiva, por várias razões:

1) a equipa adversária ainda está aberta atrás, porque precisa dos jogadores recuados para abrir espaços no sentido de ultrapassar linhas adversárias – isto dificulta até a reacção à perda (por parte do City);

2) estás mais perto da baliza adversária do que se for a tua última linha a recuperar a bola;

3) estes jogadores têm muito maior capacidade para aproveitar os espaços no primeiro passe (R.Neves e Moutinho em evidência aqui) do que se o primeiro passe for feito pelos defesas (por qualidade e por posicionamento mais avançado).


Foi isto que o City encontrou em Agosto e que lhes criou muitos problemas. As dificuldades em entrar no espaço entrelinhas pelo corredor central, obriga a ter que ir por fora num primeiro momento (espaço nas costas do Extremo do Wolves) para depois fazer a bola entrar dentro da estrutura adversária (e não o contrário), mas nem sempre foi fácil criar condições vantajosas (com tempo/espaço) para os jogadores que recebiam por fora, porque H.Costa e D.Jota se dividiram muito bem entre ajudar os MCs (fechar dentro) e pressionar por fora para impedir que alguém recebesse de frente. Quando eles “falham” são os Laterais (Otto e Doherty) que, em função da segurança que dá ter 3 centrais, conseguem ser super agressivos sobre a bola, especialmente no lado direito do City, onde jogou o Bernardo – mais profundo, de forma propositada, do que Mendy, à esquerda. Mendy, que (por estar numa zona mais "entrelinhas" no espaço exterior) teve mais facilidade em receber com condições para fazer esse passe de fora para dentro, também porque desse lado havia Sterling que criava mais duvida nos jogadores adversários e próximos.
Importantes as dinâmicas entre Extremo e Médio Interior para poder aparecer com vantagem nesse tal espaço que está assinalado na primeira imagem com o Número 1 (até porque provavelmente Mendy não joga).


Este post serve para reflectir sobre alguns princípios do City que hoje serão fundamentais, pela dificuldade que é desorganizar este tipo de defesa:

- A criação de dúvida no adversário sobre onde a bola pode entrar é uma relação entre o portador da bola e do jogo posicional daqueles que não a têm. A não sobreposição de jogadores, ter gente de frente, gente entrelinhas, gente a ameaçar a profundidade, gente a "abrir o campo" à largura ou alguém maior liberdade posicional , sabendo que quando alguém “falha” há um ajuste instantâneo para "repor" o que está em “falta” tudo isto é uma constante do City (são princípios), ainda que se possa manifestar de forma diferente em função do adversário (ou dos problemas por ele colocados).


Vemos, neste jogo posicional para, em função da bola, criar a tal dúvida, médios a afastarem-se do defesa portador (com espaço), a meterem-se entrelinhas e a dar uma linha de passe que atravessa ou pode atravessar dois jogadores do Wolves gerando duvida de quem fecha e para além disso gera duvida também na linha defensiva, ou seja 3 ou 4 jogadores são atraídos por esse posicionamento dos médios, mesmo que não sejam atraídos no deslocamento (porque a bola não está lá) terão sempre que estar preparados para várias possibilidades e isso já os fará perder algum tempo na pressão e dará mais espaço ao futuro portador seja ele qual for.


Veremos que soluções vão surgir. Essa é a criatividade dos treinadores identificar os problemas e essencialmente formular soluções em função do que é a sua equipa e das características dos jogadores que tem disponíveis.

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