segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Mourinho e Guardiola: "Copiar-Colar" vs Produzir o Próprio Conhecimento


Podemos dizer que é "produzir o nosso conhecimento" ou "sentir o que fazemos como algo que vem de dentro de nós", a verdade é que o processo de criar algo, como “uma forma de jogar para alcançar objectivos”, é algo verdadeiramente pessoal, (neste caso colectivo) porque o treinador não o faz sozinho (há muita gente que colabora para que a ideia se incorpore e manifeste com sucesso).

Com isto, não me parece que os treinadores, Mourinho e Guardiola, queiram dizer que não nos deixemos influenciar por aquilo que existe, vivenciamos, vimos, analisamos e ao qual nos ligamos, de certa forma, sentimentalmente.

Todos temos as nossas influências, e sabendo disso as nossas ideias não deixam de ser nossas. O essencial é que essas ideias e toda a informação que nos vai influenciando se ligue e seja digerida dentro de nós. Desta forma, quando operacionalizamos e começamos a nossa criação, a ideia já vem com as nossas emoções e sentimentos, já vem com um sentido que é nosso, que é pessoal, porque foi entendido por nós, e nós lhe demos coerência (a nossa). Aquilo que antes era informação e conhecimento avulso passou ser algo pessoal que tentaremos transmitir de acordo com aquilo que são as nossas prioridades diárias e mais a longo prazo, para a criação da forma de jogar que sentimos.

Isto de "produzir o nosso próprio conhecimento" tanto serve para o "Idealizar do jogo" que pretendemos, como para a forma de levar a cabo o gerar do modelo no dia a dia com os jogadores que compõem a equipa. Temos um referencial (prévio e ao mesmo tempo orientador do processo) e temos o caminho para o alcançar. Esse caminho é construído no dia-a-dia, sendo que o ideal poderá servir para nos guiarmos e não nos perdermos, é como uma bússola que ajuda a orientar as prioridades, mas é essencialmente no dia-a-dia que vamos percebendo onde ajustar, para seguirmos o melhor caminho, na direcção mais coerente com os jogadores, com a nossa ideia e com aquilo que fomos transmitindo até aí.

O "copiar-colar" não chega, pois não nos resolve o problema imprevisto. No “aqui e agora”, com os jogadores, há que ser genuíno e manter uma linha que não gere dúvida e que no fundo seja coerente com o caminho percorrido até ao “aqui e agora”. Sem sentir e perceber é difícil transmitir e convencer.

Nota: Treinadores top têm sempre semelhanças, ainda que gostemos mais de os colocar de "costas voltadas".


a) extractos duma entrevista de Pep Guardiola (2018) para o programa “Un Nuevo Dia” do canal Telemundo

b) extractos duma entrevista de José Mourinho (2015) ao FPF360 - https://www.youtube.com/FPFutebolOficial (Canal Oficial da Federação Portuguesa de Futebol)

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