segunda-feira, 18 de março de 2019

Guardiola e o "exemplo" Vincent Kompany


O que Vincent Kompany representa para a equipa e para Guardiola enquanto treinador.

Falar sobre jogadores exige que se veja além do que fazem no dia do jogo e/ou com a bola por perto. O Futebol, por não ser individual, vai muito além daquilo que um jogador faz por si só e do que faz para seu próprio benefício. Se o futebol assim fosse reduzido ao isolamento individual, e percebendo todas as lesões pelas quais passou, todas as dificuldades que um jogador com mais de 30 anos teria em se adaptar e essencialmente em deixar-se guiar para uma nova ideia de jogo, na qual se nota todo o desconforto que lhe causa, então, Kompany teria menos hipóteses de ser equacionado para ficar no plantel do Manchester City. Não nos esquecemos de todas as dificuldades que demonstra com bola na criação de espaço desde trás ("construção"), principalmente contra equipas que pressionam alto, super agressivas e que dão muito pouco espaço ao City para jogar desde trás em segurança (como o Liverpool, contra o qual o Vincent foi titular na eliminatória da Liga dos Campeões 2017/2018).

Isto deveria ser entendido por toda a gente que está "fora" da equipa, mas que, estando tão perto dos intervenientes, tem influência e pode contribuir para que os jogadores entendam que este exemplo, que é o Vincent Kompany, deveria ser algo mais frequente no futebol.

Apesar das dificuldades em dar segurança com bola o que se notou também foi que, desde a primeira época de Guardiola no City (3º Lugar na PL), quando o Capitão jogava, o central ao seu lado (Otamendi, mais vezes) jogava muito melhor: com mais à vontade com a bola, menos entradas de rompante que geralmente ou custam amarelo ou perda de duelos (1v1), mais serenidade na área a defender, etc..

Ora, isto de tornar os outros melhores pelo que se joga tem muito valor (claro que tem que se ser muito bom), mas há quem, pelo carácter, consiga ter uma enorme influência sobre os restantes colegas, nada disto pode ser ignorado num jogo colectivo. Ser um exemplo de compromisso é algo de uma importância enorme num jogador de futebol. Gostamos de olhar para o talento como a capacidade exclusiva dos jogadores resolverem problemas de forma individual, mas então aquele jogador que tem a capacidade de melhorar os outros com a sua presença, por tudo aquilo que ele representa, não será tão importante como aquele que é capaz de "rasgos" individuais? Não será que, de certa forma, esta mentalidade acaba por dar uma estabilidade para todos os outros e permite que se transcendam? Acreditámos que sim, especialmente quando vem de alguém que é um exemplo na postura e na vontade de aprender – é só ver como aos 32 continua a evoluir dentro de um estilo que, como já referimos, tantas vezes o deixou desconfortável.

É sem dúvida o jogador mais respeitado (é o capitão) e os outros verem-no dar o melhor de si quando joga “apenas” 5 minutos ou num jogo da Taça da Liga contra uma equipa do 3º escalão Inglês... "como se fosse a final da Liga dos Campeões"... Isto é muito mais importante para os colegas do que para a liderança do treinador, no sentido que eleva a fasquia da intensidade e do compromisso dentro da Equipa.


a) Conferência de imprensa (pós-jogo) de Guardiola ao serviço do Manchester City FC – Carabao Cup 2018/2019

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