sexta-feira, 1 de março de 2019

O futebol (só) tem espaço para a inteligência


Guardiola e Cruyff sobre os jogadores "baixinhos" (ou "fracos fisicamente").

Antes do vídeo, “pensar alto” sobre algumas coisas, algo que não é novo... o que é novo é que o futebol é para quem pensa. Pois, na verdade isto também não é grande novidade, sempre foi, não sei é se havia (ou se há) essa consciência de que o futebol é mesmo algo que requer inteligência.

Já é mais do que sabido que a inteligência é específica (contextual), na medida em que está relacionada com um problema que requer que se recorra a determinadas “ferramentas” para a sua resolução. As “ferramentas”, no caso do futebol, são inúteis (por mais desenvolvidas que estejam) se não estão acompanhadas de um entendimento do jogo para que se possa ser eficiente e eficaz, a solucionar cada circunstância com a inteligência exigida, “circunstância” essa que têm espaço/tempo, bola (longe ou perto, comigo ou com outro, que até pode nem ser da minha equipa), adversários, zonas do campo (distância das balizas), colegas de equipa, emoções, adeptos, etc. (há sempre muitas mais coisas).

Tendo esta especificidade em conta, importa perceber que, sendo o futebol para todos, nem todos os tipos de futebol servem para todos da mesma maneira. Por isso é que, apesar de sentir muito maior afinidade por uma forma de controlar o jogo do que por outras, defendo sempre a diversidade de “jogares”. É isso que devemos preservar, essa percepção de que o diferente pode ser bom, ainda que não nos atraia o sentimento. Portanto, e para não perder o fio à meada, o contexto é de grande importância, porque o jogador só faz sentido quando entendido dentro de determinada equipa (uns adaptando-se melhor a coisas diferentes e outros com mais dificuldades em sair do habitat que conhecem e dominam).

O vídeo faz-nos reflectir como podem as dificuldades que se tem no "choque" com o adversário tornar-se numa vantagem, em vez de ser uma desvantagem como quase sempre se dá a entender. O aparente “déficit” pode muito bem transformar-se numa mais valia, tudo depende do "treinar para arranjar soluções" que se coordenem com as “ferramentas” que “eu” melhor domino. Importa "cair", magoar, sentir o desconforto de ser abalroado e começar a pensar (consciente ou intuitivamente) em soluções para resolver o problema. Só com uma grande alma será possível que um dia valha a pena (já dizia Fernando Pessoa).

Não faz qualquer sentido dizer que determinado jogador é bom pela quantidade enorme de km que fez num jogo, mas atenção, também não faz sentido dizer que quem joga bem não precisa de correr. Isto foi um erro que se estabeleceu para tentar contrariar uma lógica que vigora, mas deve-se tentar combater a mania da quantificação com mais entendimento do jogo e não com mais (ainda que diferente) quantificação. Porque os km são algo vazio de significado se não tiverem associada uma inteligência (um jogador), que saiba quando correr e para onde.

É nestas soluções que procuram combater as “desvantagens”, que se geram características diferentes para cada jogador e também níveis diferentes, porque nem todos solucionam o problema com a mesma eficiência/eficácia.

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