segunda-feira, 15 de abril de 2019

Competir é superação!


A importância da competição interna (dentro de mim e da equipa) para o desenvolvimento dos jogadores.

O sentir que quem pode ocupar o teu lugar na equipa é tão bom como tu faz-te competir no treino e no jogo, no sentido de dares o melhor de ti... sempre. Aqui o desejo de jogar é tão grande como a necessidade de melhorar para poder concretizar esse desejo.

A necessidade de nos desenvolvermos em função do nível dos que estão ao nosso lado, desde que não seja exclusivamente isso que nos move, é muito importante tendo em conta como funciona o ser humano no geral. Claro que o ideal é aliarmos a isto uma mentalidade que nos permita depender também da nossa vontade de sermos melhores a cada dia sem dependências externas, sem necessitarmos de nos comparar com os outros, mas isto de nos compararmos connosco próprios, e melhorar a partir daí, cansa. Portanto a nossa mente se puder descansar vai-nos puxar para patamares de relaxamento que nos colocam num nível "Suficiente".

Convém referir que, sendo este um tema que temos tratado aqui na página (a questão da importância da mentalidade para o desenvolvimento), há gente que consegue ter esta capacidade, esta paixão/"obsessão" por aprender na busca de serem melhores a cada dia e por isso destacam-se claramente dos demais. Ainda assim também temos que reconhecer o contexto (quem e o que nos rodeia) como catalisador do nosso próprio desenvolvimento. Olhar para os outros no sentido de nos deixarmos inspirar por aquilo que fazem de bom nunca será mau, o problema está quando buscamos nos outros o nível de exigência “suficiente” para nos destacarmos, aí ficaremos sempre aquém do nosso potencial.

Sentir diariamente que uma distracção (pormenor) poderá colocar a minha titularidade (que tanto prezo) em risco, e quando esta perda (da titularidade) é mais do que justa e clara, pela qualidade de quem joga na mesma posição, então não há desculpas que me salvem: "A responsabilidade é mesmo minha, depende de mim mostrar que estou preparado." Nestes casos só se é titular por mérito próprio e não por demérito dos outros - nos casos em que as diferenças de nível são grandes essa necessidade de “fazer por merecer” (mérito) ou nos vem de dentro ou não existe.

Isto contraria toda a lógica de que o mais importante é o dia do jogo, na formação e no desenvolvimento. O treino tem que ser olhado com muito valor, tal como o jogo e se assim for todos os jogadores (miúdos ou graúdos) estarão mais perto de melhorar e de se transcender. Competir internamente no dia a dia é algo que deve estar permanentemente presente. Há uns que competem no limite a cada exercício, isso é o que lhes permite serem "melhores do que ontem", outros competem quando há necessidade para ser melhor do que os da mesma posição.

É importante formar para depender mais do espírito competitivo, tendo como objectivo melhorar a cada dia e ao mesmo tempo permitirmos que os jogadores tenham a seu lado gente que lhes "morda os calcanhares". O “suficiente” não chega para quem se quer superar a cada dia e competir é o oposto de rebaixar os outros para sobressair, e esta confusão é o que leva muita gente a dizer que a competição é um mal maior da sociedade contemporânea. Não é a competição que é um mau princípio, o que está mal é o querer aniquilar a competição (quem nos rodeia) sem competir, não deixando espaço para nos inspirarmos pelo bom que os outros fazem.

Não há maiores referências do que a nossa própria transcendência e a qualidade daqueles que convivem connosco diariamente.


a) Conferência de imprensa (pré-jogo) de Guardiola ao serviço do Manchester City FC - Premier League 2018/2019

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